sábado, 21 de janeiro de 2012

41 - Misticismo Cristão



"Se místico é aquele que crê no Divino, místico cristão é aquele que adota o Cristo como seu transcendente.”

Falar em misticismo é atribuir ao mundo um Deus. O místico, como afirmei em capítulos anteriores, é aquele que transcende a matéria e busca aproximação com o plano divinal. Para tanto, muitas vezes utiliza-se de ícones, imagens e símbolos. Entre eles talvez o mais adotado seja a cruz.

O misticismo cristão ganhou forças por volta do século XVIII, principalmente na França, no período da revolução iluminista. muitos foram os nobres que passaram a adotar uma nova for- na de viver e pensar, influenciados pelos novos ideais burgue- es e pelo iluminismo, que tinha o homem como centro do Universo. As religiões perderam um pouco de seu poder com essa nova forma de pensar, levando à criação dos movimentos los livres-pensadores e filósofos.

Entre os mais importantes místicos cristãos que marcaram época, podemos citar Luis Claud de Saint Martin, Saint Germain, Martinés Pasqually e outros. 

Nesse mesmo período nasciam as ESCOLAS DE MISTICISMO CRISTÃO como o Elos Cohen, que adotavam as técnicas da teurgia aproximando-as mais da realidade da época.

A cabala judaica foi ganhando importância considerável; os místicos a adotavam quase em sua totalidade, trocavam informações e ganhavam cada vez mais adeptos.

O Antigo Testamento e o Novo Testamento foram base para essa nova tendência. Assim, a visão do homem caído, vitimado pelo pecado original de Adão, refletia em nós o desejo de voltarmos às graças com o Pai, humanizando-nos, reintegrando-nos com o princípio da Criação.

Como o misticismo cristão não era tão contrário aos dogmas estabelecidos pelas Igrejas, acreditava na Bíblia e mantinha uma filosofia muito próxima da doutrina católica, não sofreu muitas perseguições. Acreditamos ter sido essa uma importante alavanca para o crescimento desse segmento religioso.

Atribuímos o misticismo cristão a todos aqueles que continuaram crendo nos livros sagrados, mas fugiram dos dogmas preestabelecidos pela Igreja. Havia os que se baseavam nas Escrituras Sagradas, mas não deixavam de ler os livros apócrifos, pois continham as fórmulas mágicas da teurgia e das invocações.

Todos os cabalistas são esotéricos cristãos. O crescimento dessa inesgotável forma de adoração teve seu auge com o ex-abade Eliphas Levi ou Alphons Louis Constat, seu nome verdadeiro. Seus estudos atravessaram fronteiras e encontraram seguidores afoitos em manter a tradição.

O caminho do misticismo cristão t a abnegação, a humildade, o conhecimento, a vontade e a Verdade estabelecida acima de qualquer parâmetro.

Uma de suas qualidades é o arrebatamento, o fervor que inspira suas orações e seu discurso. Estes místicos querem fugir do exílio, não querem mais a condição de homens caídos, desejam a reintegração.

Homens como Luis Claud de Saint Martin receberam a importante missão de guiar os místicos cristãos pela senda da reintegração. Fundaram ordens místicas como a Martinista, em meio à confusão francesa durante a revolução burguesa. Os movimentos revolucionários na França auxiliaram o declínio da Igreja e fortaleceram os livre-pensadores. Em pouco tempo, muitos seguiam as novas verdades inspiradoras vindas dos pensadores modernos.

O misticismo cristão é benigno, não segue o rito da Igreja, mas acredita piamente na palavra.

O martinismo, inspirado no código dos cavaleiros e na moral, seguidor das idéias inspiradoras da cabala judaica, prega a reintegração do ser, e dá base para que seus membros usufruam do sentimento interior de melhora.

A prece tem grande valor no misticismo cristão, e é importante frisar que feita de maneira arrebatadora, do fundo do coração, torna-se uma ação teúrgica e age como um mantra, pois permite que nossas glândulas trabalhem livremente. A oração é capaz de nos conduzir a um estado avançado de meditação e entrosamento com as forças superiores.

Neste trecho tentaremos falar um pouco da oração na vida dos místicos e das pessoas em geral.

O que é orar? Como proceder? Quais os benefícios da oração?

Respondendo em separado cada uma dessas questões tenta-remos demonstrar o quão profundo é esse ato.

Orar é estabelecer um contato direto com o plano superior mediante energia interior que deslocamos via mental.

Quando oramos criamos um campo de proteção áurico e captamos do meio o retorno da via divinal. Portanto, orar além de ser um contato com os seres superiores, é buscar o aumento de nossa energia vital e criar telas mentais que se projetam no Cosmos deixando em aberto uma possibilidade.

O ser se engrandece com a oração, pois por meio dela medita, visualiza e capta telepaticamente todas as respostas e sensações de paz emitidas pela Força Maior.

Como orar?

Não existe forma estabelecida para mantermos contato com Deus. Todavia, sabemos que tudo que é espontâneo, que sai da "Boca da Alma" tem mais força e sinceridade. Este é o afloramento dos sentimentos mais íntimos e verdadeiros que trazemos dentro de nós. Abra seu coração com o amigo Deus, confesse a Ele suas culpas, seus medos e seus desejos, absolva-se por inteiro e mergulhe no oceano vibratório que se abre diante de você.
Quais os benefícios?

São muitos, a Paz, o reencontro com a espiritualidade e com o eu interior, o contemplar das benesses promovidas pelo Criador.

Todo místico sabe que a verdadeira prece baseia-se em uma poderosa lei cósmica: "Buscais e encontrarás".

Essa lei estabelecida desde os primórdios da existência nos inspira a "pedir" a Deus o que desejamos ou nos julgamos merecedores. Quem não busca jamais encontra; quem não olha jamais vê. Portanto, abra os olhos para o Criador.

Este é um axioma místico que retrata, de forma muitas vezes confusa, que aquele que não busca em Deus a resolução para sua espiritualidade não haverá de encontrá-la em lugar algum!

"A Oração é o caminho onde a Luz está sempre presente." 


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