quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

17 - Alquimia

 
"O elixir da longevidade pode ser bebido no cálice mais amargo, e mesmo assim se apresentará doce aos nossos lábios."

A alquimia nasceu na idade das trevas, e os alquimistas eram químicos que buscavam em primeira instância descobrir a pedra filosofal ou o elixir da juventude.
 
Para chegar-se à pedra filosofal, o caminho era árduo, e não se têm registros históricos de nenhum alquimista que tenha conseguido a pedra da transmutação.
 
A primeira tarefa consistia na ida até uma jazida para conse-guir-se a matéria bruta ou a pedra dos filósofos. Essa matéria tinha características especiais: um corpo imperfeito, uma alma constante, uma cor penetrante e uma quantidade substancial de mercúrio transparente. Uma das maiores dificuldades era identificar essa substância, pois nos relatos alquímicos não se encontra literatura apropriada; todos são muito confusos e cheios de armadilhas. Isso ocorre justamente para que ninguém, que não fosse um alquímico, conseguisse encontrá-la.
 
O alquimista para processar a pedra do filósofo, transforman-do-a em pedra filosofal, deveria também estar de corpo e mente purificado.
 
A preparação do ignnis innaturalis ou fogo natural é outro grande problema, o fogo secreto arde sem chamas. Quantas confusões foram feitas para chegar-se a esse princípio. Portanto, note que ser alquimista na Antiguidade era conhecer vários princípios de química e metalurgia, além de ter a necessidade primordial de interpretar corretamente as poucas anotações que existiam.
 
Existiam dois tipos de alquimia — a verdadeira, que se preocupava com a filosofia, com o aperfeiçoamento dos metais e a manutenção da saúde, e a falsa, cujo único objetivo era conseguir transformar minérios em ouro.
 
Os alquímicos eram pessoas sombrias, estudiosos que passavam a maior parte do tempo lendo e fazendo experiências, jamais se vangloriavam de suas descobertas e estavam muito envolvidos com o hermetismo.
 
Hermes Trismegistos, o pai da alquimia, costumava afirmar que tudo procede do Um e volta para o Um. Portanto, a alquimia vem de Deus e para Ele volta.
 
A alquimia é cíclica em sua ação e em seu efeito, e nisso o símbolo do ouro traz o mesmo ideograma "O".
 
Os quatro elementos da alquimia, segundo os filósofos gregos como Xenofantes, eram: terra, água, ar e fogo.
 
A idéia dos quatro elementos é sintetizada por muitos outros filósofos como Aristóteles, Tales e Anaximandro.
 
Albert Poisson, em 1891, após muitos anos de pesquisas e estudos relacionados à alquimia, principalmente a estabelecida durante a Idade Média, chegou a mais do que quatro elementos utilizados constantemente nas tentativas de transmutação:
 
*Enxofre, que age como princípio fixo e contínuo.
*Sal, matéria-prima única e indestrutível.
*Mercúrio, princípio volátil, ligado à transferência de forças.
*Terra, estado sólido da matéria.
*Fogo, estado sutil, oculto.
*Água, estado líquido, visível.
*Ar, estado gasoso, oculto.

Os místicos atuais têm uma diferente preocupação alquímica, é disso que iremos tratar a seguir, a alquimia espiritual, a que transmuta a alma para uma vida melhor e abraça todos em um sentimento de fraternalismo.

Alquimia espiritual
 
Se promover alquimia é transmutar, faremos isso espiritualmente, transformando nossos erros em acertos, nossa intolerância em compreensão, nossos infortúnios em aprendizado. Talvez não sejamos obrigados a enfrentar as dificuldades dos filósofos para encontrar a matéria-prima, pois modelaremos nossa própria consciência, mas teremos a dificuldade maior, que primeiro consiste em conhecermos nossos erros e defeitos para posteriormente acertá-los.
 
Os grandes místicos buscaram e buscam incessantemente promover essa mudança comportamental, e para isso não basta ler, estudar e comunicar-se com outros buscadores. Esse é um trabalho de introspecção e abdicação. Somente viajando ao interior de seu santuário, você terá mostras de seus dons e erros, e apenas neste estágio de auto-avaliação e convívio com seu EU, será capaz de abdicar de muitas coisas e passar a contribuir mais com seus irmãos.
 
Fazer com que nosso espírito se regozije com a vitória alheia, ficar feliz sempre que alguém for beneficiado, acreditar que o fraternalismo é uma bênção, farão de você um conspirador com o Criador.
 
Quando nos damos o direito de buscar uma melhor compreensão da vida, quando buscamos o Eterno e vibramos pelo bem universal desinteressadamente, promoveremos uma alquimia espiritual.
 
Cabe a todo místico, na expressão maior da palavra, lutar intensamente para obter uma elevação. Acreditamos que a alquimia espiritual promove o aperfeiçoamento do ser e pode diminuir em muito o número de encarnações terrenas. Abre-se

um novo universo e desperta-se uma consciência Crística inusitada.
 
Madre Teresa de Calcutá foi uma dessas místicas que transcenderam a matéria. Ela adotou a consciência Crística, tornou-se uma iluminada e passou a viver em favor da humanidade. Essa iluminada fez uma declaração que mostra que o místico é um ser do mundo e para o mundo: O egoísmo é o maior de todos os males.
 
Faz parte dos principais ensinamentos do Mestre Jesus a Alquimia Espiritual, a mudança do ser egoístico: Amarás ao próximo como a ti mesmo.
 
Somente o místico, aquele cujo coração foi tocado pela religiosidade e pela devoção, é capaz de estabelecer o amor fraterno sem buscar reconhecimento material.
 
Os rosa-cruzes são atualmente os maiores divulgadores da alquimia espiritual, pregam que dentro das leis naturais o homem pode transcender e promover importantes mudanças nos paradigmas para elevação físico-espiritual.
 
Quando ultrapassamos os limites do egoísmo e da perfídia, quando encaramos a vida como sendo simplesmente a mais importante das universidades da eternidade, quando utilizamos as leis naturais respeitando o Dharma, em nosso ser se processa a mais ampla mudança. É como nascer para uma nova vida.
 
O homem é alquimista por natureza, possui a maior de todas as capacidades, sobreviver em qualquer meio, e para isso tem que mudar constantemente para não sucumbir no giro do Universo.

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