sábado, 21 de janeiro de 2012

39 - Magia



"Quem crê na Magia sabe que um caldeirão e um fogo sagrado são importantes demais para serem desprezados."

A magia nasceu na aurora da vida, praticamente no período paleolítico, quando o homem buscou seus primeiros contatos com os deuses.

Nessa era obscura, em que a consciência do homem e do espírito estava mergulhada na barbárie e na selvageria, onde qualquer acontecimento ou fenômeno natural os prostrava em terra pedindo clemência.

A magia aos poucos vai nascendo como forma de adoração às divindades inexplicáveis. Os rituais para aplacar a ira dos deuses vão tomando forma e dando ao espírito não civilizado uma leve ideia de que sobre ele paira uma força superior.

Com o correr dos anos a magia foi ganhando fundamentação filosófica e desenvolveu-se plenamente nas antigas civilizações: Egito, Grécia, Roma. Nos diálogos de Platão e do Três Vezes Grande Hermes Trismegistos nascia a pedra fundamental.

Platão edificava a ideia de que todo objeto material é reflexo dos conceitos eternos, justamente aí, nas escolas de Platão, nascem os teurgos ou protomagos. 

Os teurgos praticavam a animação da matéria pela ritualística complicada e cheia de gestos e objetos.

A teurgia teve uma grande aceitação pelas escolas filosóficas, pois se opunha ao cristianismo e dispensava intermediários entre os homens e os deuses. Esse princípio motivava os "grandes e poderosos" da época a buscar nos teurgos respostas e soluções para a maioria dos problemas. Em pouco tempo haviam os importantes teurgos que tinham poder inclusive na vida política de seus países.

Essa doutrina tinha bases sólidas e sua crença na imortalidade da alma levava todos a verem-na como quase uma religião.

A magia, mesmo tendo sido vencida pelo Cristianismo, após séculos de lutas, continuou às escondidas, seguindo seu ciclo normal e recebendo o engrossamento de suas fileiras de grandes filósofos e pensadores, de alquimistas e teurgos. Assim foi evoluindo quanto à forma de pensamento e ação, passando a utilizar a filosofia hermetista como base. Um exemplo disso é a ideia da correspondência: Tudo o que está acima é exatamente como o que está abaixo.

Seguindo essa ideia, a magia atua por semelhança ou correspondência em seus princípios ativos. Esse princípio também seguiu para outra vertente da magia, o voduísmo. Neste são utilizados bonecos com semelhanças da pessoa a ser atacada, e este boneco é espetado com agulhas e alfinetes. Estima-se que a cada perfuração, pela lei da semelhança, a pessoa sinta as dores. Além do processo de semelhança, o voduísmo, considerado uma arte da magia negra, utiliza-se de ritos da teurgia.

Sempre esteve ligada à magia, à simbologia e às invocações ou rituais. A ritualística tem uma ação de transporte efetivo do plano mental para o psíquico. Em meio aos símbolos traçados pelas mãos e pelas espadas e adagas, no chão ou nas Daredes, nas gesticulações contínuas e nas preces lentas e bem entoadas, o mago transcende o momento, torna-se mais suscetível à ação do Infinito e do Incompreensível. 

Afirmaria um grande místico do século XVIII, do qual pretendo omitir o nome ;
“A magia com toda sua ritualística nada mais é que a trans-posição do nível mental para o transe psíquico."

Magia negra

Também muito antiga, tem sua origem no poder, na necessidade absurda que o homem tem de dominar o semelhante. O poder espiritual, nestes casos, é fonte inesgotável de poder material.

É comum notarmos que a maioria dos textos sérios sobre o assunto associa a magia negra ao pacto com os demônios ou espíritos das trevas. Isso pode ter sido uma realidade, já que na Idade Média muitos foram os magos negros que afirmaram fazer tais invocações e pactos satânicos. Alguns livros trazem inclusive mostras de assinaturas demoníacas em textos de pactos entre o homem e a besta.

Dessa mesma magia negra, que utiliza parte da cabala judaica, foram instituídos os grimórios, ou pequenos livros escritos à mão, que traziam fórmulas de invocação e controle sobre as forças do mal.

Muito rica em simbologia a magia negra traça círculos e tetragramas para fazer suas invocações e não permitir que o mago seja devorado pelas forças descomunais do mal.

O mais importante grimório da cabala judaica foi as Clavículas de Salomão, que não fugia à regra, pois ensinava fórmulas de invocar espíritos.

Com as perseguições religiosas e a Santa Inquisição a magia negra foi perdendo um pouco de terreno, foi-se escondendo e conservando seus escritos guardados a sete chaves, mas isso fez surgir os magos eruditos e os compiladores da magia. Pessoas preparadas, importantes filósofos e teólogos passaram a juntar escritos e comunicar-se, criando uma nova ritualística e aproximando mais a magia do misticismo cristão. Estes estudiosos redescobriram com a Bíblia e os textos herméticos uma nova visão cabalística.

Compiladores da magia

Jacob Boeme
Cornélio Agripa
John Dec
Christian Rosycross
Eliphas Levi
Martinéz Pasqually
Luis Claud de Saint Martin
Gerard Encause (Papus)

A magia segue hoje a linha do esoterismo, das escolas filosóficas milenares, visa promover elos de alquimia espiritual e transcendência.

Somente os menos intelectualizados, os loucos, adotam a magia como forma de prejudicar outra pessoa. Na era de Aquário devemos nos unir mais às causas nobres e abordarmos a espiritualidade como fonte de luz, nunca de trevas.

A magia, assim como a maioria das religiões, em seu princípio, teve como objetivo dominar os povos e submetê-los à vontade dos sacerdotes.

Quando nos referimos à magia estamos reportando-nos a pessoas que se fizeram conhecidas e temidas por possuir poderes sobrenaturais. Creio que alguns até tinham esses poderes, mas com certeza permaneceram nas sombras, escondidos e silenciosos. A maioria, os que nada tinham de conhecimento a respeito do sobrenaturalismo, queria aparecer e tomar o poder em suas mãos.

Um mago real não necessita do poder temporal; seu elo com as forças sobrenaturais já fez com que sua visão esteja voltada para as grandes causas altruísticas e não para o dinheiro e o poder político. Um exemplo disso é o de Eliphas Levi, um ex-sacerdote católico que optou pela cabala e pela magia, fez- se conhecido em toda a Europa e por vezes recusou promover espetáculos de magia para os "magos" endinheirados.

"Quem adota a magia como filosofia de vida tem que trazer consigo o símbolo da realeza espiritual." 



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